BOLINHA DE GUDE O gude é um jogo feito com bolinhas de vidro que devem ser embocadas em três ou quatro buracos, ou caçapas. Conhecido no país como búrica, búlica buraca, bolita, firo e outros nomes, esse tipo de jogo tem origem antiga, não se podendo determinar com exatidão em qual época apareceu. Mas mesmo não sendo conhecido nada comprovadamente correto sobre seu surgimento, ele constitui, juntamente com o estilingue e a pipa, um dos símbolos máximos da liberdade e da rebeldia infantil masculina. O que se sabe é que arqueólogos encontraram no túmulo de uma criança egípcia, datado de 3.000 a.C., bolinhas de gude feitas com pedras semipreciosas. Também se verificou que os gregos antigos praticavam diversos tipos de jogos utilizando pequenas esferas; que em 1435 a.C. as crianças cretenses brincavam com pedrinhas redondas de ágata ou jaspe; e que nos tempos da Roma imperial essa brincadeira, conhecida por eles como “esbothyn”, era tão popular que o imperador César Augusto costumava parar na rua, para assistir as partidas. E segundo se assevera, foram os legionários romanos que levaram esse divertimento até o ponto mais distante das fronteiras de seu império Mais à frente, as bolinhas de gude também aparecem na tela denominada “Os Jogos das Crianças”, de Pedro Brueghel (1526-1569), pintor flamengo, e citadas em algumas obras do poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616). No início, as bolinhas de gude eram pedrinhas redondas e lisas, retiradas dos leitos dos rios ou preparadas com argila e até mesmo mármore, e só passaram a ser feitas de vidro a partir do século 15. Duzentos anos depois bolinhas multicoloridas começaram a encantar as crianças e concorrer com as de uma única cor, surgindo também nessa época as fabricadas em louça, em porcelana, e posteriormente as de aço, mas estas nunca agradaram os jogadores porque danificavam as demais. Se esse jogo sempre interessou as crianças e adultos é porque envolve perícia e conquista, sentimentos comuns aos humanos. Mas ao mesmo tempo suas regras são simples, como o da burica e outras modalidades assemelhadas, entre as quais estão o triângulo, a barca ou zepelim e jogo do papão, onde o objetivo final sempre é o de acertar a bolinha do companheiro e ficar com ela. O jornalista esportivo Orlando Duarte, em seu livro “História dos Esportes”, Senac Editora, diz que objetivo dessa obra é transmitir a informação, a história e, inevitavelmente, a 'estória' dos esportes, e por isso apresenta tudo aquilo que se quer saber sobre os esportes conhecidos e as curiosidades daqueles sobre os quais temos pouca ou nenhuma informação. Sobre a bolinha de gude, são descritas duas formas de jogo: BIROCA - são feitos quatro buracos - as birocas - na terra. Os jogadores, de 2 a 4, jogam suas bolinhas até a primeira biroca, e quem ficar mais perto dela iniciará o jogo. A partir daí, deverá percorrer todo o circuito, ou seja, colocar sua bolinha em cada um dos buracos, podendo “matar”, depois disso, a bolinha dos adversários, atingindo-a com a sua e a eliminando do jogo. Se errar a biroca ou a bolinha de outro jogador, perde a vez, e assim por diante. Em crônica muito interessante, publicada há algum tempo, Carlos Rios conta como esse jogo é, ou era, praticado do Rio: Quem jogava à vera poderia pagar aos adversários com bolas cacarecadas ou partidas, ninguém era doido de pagar com seu melhor olhinho, campeão, sempre na cena do jogo, e eles a passavam para frente em seus momentos de perda. Todas as regras eram cumpridas. Eram meninos sérios. Quando desconfiavam que poderiam errar uma bola perto da búlica, gritavam para não perderem a vez: - ou bola ou búlica! (...) Carambolou, termo usado quando o jogador tinha que acertar na bola de um adversário mas acertava também a de um outro jogador, partida encerrada sem vencedores. A melhor estratégia do jogo era ficar por último no início da partida, e para isso o jogador tão logo era anunciado o jogo, gritava a palavra, - marráio! Outra era quando muitas bolas ficavam juntas, e um jogador. querendo se aproveitar do erro do adversário da vez, dizia: ferido sou rei, mas ferido tinha uma pronúncia especial, então ficava assim: feridô sou rei. Ô coisa organizada!... |
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN |
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Jogo de Bila ou Bola de Gude
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